Turbulências Políticas: O Labirinto dos Partidos no Brasil.

 



              No Brasil, a questão sobre o número de partidos políticos registrados é um verdadeiro labirinto. Enquanto algumas fontes mencionam 35 agremiações, outras apontam para 29. No entanto, é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que detém a autoridade final nesse aspecto. Contudo, essa proliferação partidária não é uma característica histórica do país, remontando aos tempos do Imperador Pedro I ou mesmo aos períodos de Getúlio Vargas e da ditadura. A explosão de partidos políticos começa a ganhar ímpeto após a promulgação da Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 1º, Inciso V, que praticamente abre as comportas para o registro de quantos partidos desejarem, desde que apresentem uma bandeira como ideologia, ainda que muitas vezes essa ideologia seja mais um adereço de ocasião do que uma convicção genuína.

 

O discurso do pluralismo político, que preconiza a coexistência de diversas opiniões e ideias, soa louvável. No entanto, é difícil acreditar que num país com índices ainda preocupantes de analfabetismo, os interesses dos partidos sejam, de fato, as ideias. A predominância de interesses econômicos, especialmente visíveis na Câmara Federal, sugere que muitos partidos são criados com o objetivo de acessar uma fatia do fundo partidário ou dos orçamentos secretos trocados por aprovações que beneficie alguns dos poderes. A distribuição do tão desejado fundo segue a proporcionalidade do desempenho eleitoral prévio, isso mostra a real insignificância de alguns partidos. Esse sistema beneficia partidos mesmo sem representação significativa, como exemplificado pelo antigo Partido Trabalhista Cristão (PTC), que viu seus recursos crescerem substancialmente entre as eleições de 2022.

O fundo partidário, embora constitucional, é alvo de críticas contundentes. Num país onde uma parcela significativa da população depende de assistência para sobreviver e onde serviços essenciais como educação e saúde sofrem com a falta de recursos, destinar quase 5 bilhões de reais para financiar partidos políticos é um desvio de prioridades alarmante. A ausência de uma contribuição direta por parte dos filiados para a manutenção dos partidos, como ocorre com os sindicatos, agrava ainda mais essa situação, transferindo o ônus para o contribuinte que muitas vezes mal compreende os meandros da Constituição Federal.

Tensões entre Educação Ambiental e Desastre Ecológico: O Caso da Braskem em Alagoas

 



A Constituição Federal, em seu Artigo 225, inciso VI, estabelece a obrigação de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e conscientizar o público sobre a preservação do meio ambiente. Embora a Braskem, anteriormente conhecida como Salgema, tenha desempenhado um papel significativo nesse sentido junto às escolas do estado e municípios de Alagoas durante a década de 2010, sua conduta recente reflete uma triste ironia. O ditado "faça o que mando, mas não faça o que faço" ganha relevância ao considerarmos que a empresa é agora responsável por um dos maiores desastres ecológicos já testemunhados na história do Brasil, possivelmente rivalizando com o desastre de Brumadinho em Minas Gerais em termos de impacto, inclusive com perda de vidas. Esta discrepância entre a educação ambiental nas escolas e a realidade da preservação ambiental expõe a lacuna entre o que é prescrito pela Constituição Federal e sua efetiva implementação. A falta de fiscalização adequada por parte das autoridades contribuiu para a tragédia, evidenciando que a simples promoção da educação ambiental não é suficiente sem medidas concretas de vigilância e aplicação da lei.

A ineficácia dos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental alimenta a percepção de que não há progresso sem destruição. Embora seja inegável que o progresso deva atender às necessidades do país, é igualmente fundamental que os reparos e precauções acompanhem esse processo de desenvolvimento. No caso da Braskem, surge a indagação sobre as razões pelas quais a empresa negligenciou reparos que poderiam ter evitado a catástrofe, mesmo diante dos alertas sobre o afundamento do solo emitidos pelos órgãos fiscalizadores. Além disso, questiona-se por que os órgãos fiscalizadores, investidos do poder de polícia, não interromperam as atividades da empresa. Enquanto isso, os bairros afetados enfrentam um futuro incerto, com milhares de residências abandonadas e famílias desalojadas.

Atualmente, a Braskem está empenhada em remediar os danos ambientais que causou. Caminhões carregados de areia são transportados do município de Feliz Deserto com o objetivo de preencher as cavidades deixadas pela extração do sal-gema, uma prática que perdurou por décadas. Contudo, resta a incerteza sobre o destino dos bairros afetados: serão reconstruídos e devolvidos às famílias sem qualquer compensação financeira, ou se transformarão em condomínios de luxo destinados às elites com alto poder aquisitivo? Essa dúvida paira sobre uma região marcada pelo privilégio, enquanto as comunidades afetadas aguardam uma resposta sobre seu futuro e sua segurança habitacional.

Memórias às Margens do Velho Chico

 


   

    Hoje, despertei envolto pelo tédio que se tornou uma companhia frequente nestes tempos de pandemia do Coronavírus. Decidi então agarrar uma das minhas fontes de escape favoritas, minha bicicleta speed, e partir sem rumo. Logo me vi guiado pela inércia até o destino que ansiava: Piaçabuçu, minha terra natal em Alagoas.

    Ao chegar lá, embarquei em um tour pela cidade antiga e acabei às margens do majestoso Rio São Francisco. Deixei minha bicicleta no cais, desci e me inclinei sobre seu parapeito, permitindo-me mergulhar na contemplação das belezas que por anos me foram tão familiares, mas que, por um capricho da visão, nunca antes havia percebido.

    Diante de mim, fluía um dos rios mais antigos e cativantes, e um dos mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. Remontando à descoberta em 1500, recordei a passagem ilustre de Dom Pedro II por suas águas. Vieram à mente também as histórias ancestrais das embarcações que o sulcaram e sua relevância econômica para os ribeirinhos.

    Absorto no cenário do cais, um filme de lembranças começou a se desenrolar em minha mente. Vi-me mergulhando naquele rio turbulento junto com os garotos da minha geração nos anos 70, uma época em que o São Francisco representava um perigo palpável para aqueles que se aventuravam em suas águas. Lembrei-me dos apelos angustiados de minha mãe, enquanto lavava roupas à beira do cais, implorando para que eu não me jogasse na correnteza e me afastasse, ignorando os riscos que ela poderia me levar para longe, dificultando qualquer tentativa de resgate.

    Esse devaneio foi interrompido pela chegada de duas pessoas pescando nas proximidades. Montei novamente em minha bicicleta, contornando o cais e observando as mudanças nas fachadas das antigas residências. A influência da nova arquitetura transformara o cenário familiar que eu conhecia em um passado distante. O mercado de carne e farinha desaparecera, dando lugar a uma loja de artesanato, e novas construções avançavam pelas margens do rio sem fiscalização, diminuindo a importância histórica do cais adjacente ao mercado.

    Mais lembranças sobre o rio vieram à tona. Recordações das cheias que inundavam a cidade, trazendo consigo uma abundância de alimentos, desde camarões até peixes como traíras, caborjes e piranhas. A água do rio era vida para os ribeirinhos, fornecendo não só alimento, mas também sustento.

    Continuando minha peregrinação, encontrei um velho colega de escola, José Rivaldo, conhecido por todos como Palerma, agora dedicado à pesca. Ao abordá-lo, seus olhos cansados pelo tempo se iluminaram ao me reconhecer.

    Ah, é o Carlos Alberto, não é? Estudamos juntos no Elio de Lemos, lembra?

    Apesar das décadas transcorridas desde nossos tempos de escola, fiz um esforço para recordar. Palerma, um nativo da região, compartilhou comigo sua visão sobre as mudanças no Rio São Francisco. Conhecendo bem a história do rio, ele concordou sobre a riqueza que outrora ele proporcionava, mas lamentou as dificuldades enfrentadas pelos pescadores nos dias atuais, especialmente com a escassez de peixes e os desafios impostos pelas regulamentações de pesca.

    As palavras de Palerma ecoaram em minha mente enquanto ele lamentava o desaparecimento da pilombeta, um peixe outrora abundante e acessível, agora transformado em iguaria cara e rara. Seus relatos sobre os perigos do rio, desde as cheias repentinas até os encontros com animais como o mero, trouxeram à tona uma realidade que, embora familiar, agora parecia distante.

    Encontrei também Duda, um atravessador de pescado, cuja insatisfação com a profissão e as dificuldades enfrentadas pelos pescadores refletiam a luta contínua pela sobrevivência em meio às mudanças ambientais e regulamentações cada vez mais rígidas.

    Enquanto refletia sobre as histórias compartilhadas por Palerma e Duda, percebi que a preservação do rio e de seu ecossistema era essencial para garantir não apenas a subsistência dos habitantes locais, mas também a preservação de um legado cultural e ambiental precioso.

    Piaçabuçu, com sua beleza natural e arquitetura histórica, enfrentava agora os desafios impostos pela modernidade e pela crescente pressão sobre seus recursos naturais. Contudo, nas palavras e memórias dos seus habitantes, permanecia a esperança de que, através do respeito e preservação, o Rio São Francisco continuaria a fluir como uma fonte de vida e inspiração para as gerações futuras.

Promessas Vazias e a Arte da Enganação: Reflexões sobre a Política em Penedo-Al

 



    O dia 1º de abril carrega um peso irônico no Brasil, marcado como o "Dia do Lula da Silva", ou o dia do "pinóquio brasileiro". É uma data que não passa despercebida, especialmente quando relembramos as promessas políticas que se tornaram mais fantasia do que realidade. A memória da última campanha eleitoral ainda ecoa, onde foram feitas promessas de picanha e cerveja, mas o que se entregou foi apenas abóbora. É como se Sócrates, o filósofo antigo, que já discutia sobre a mentira como política de Estado, e Maquiavel, que a defendia abertamente, encontrassem uma representação moderna nesse cenário político brasileiro.

    Na cidade de Penedo-Al, a arte de enganar os eleitores parece ser uma tradição arraigada. Já houve candidatos eleitos que prometeram um distrito industrial e a construção de uma ponte que ligaria Alagoas e Sergipe, sem qualquer fundamento real por trás das promessas. Em 2024, os pré-candidatos seguem o mesmo padrão, tentando convencer os eleitores com promessas vazias. No entanto, a era da internet como um espelho implacável, expondo as mentiras com fotos manipuladas e histórias desmentidas. Agora, as promessas giram em torno da recuperação do Saae e da construção da tão sonhada ponte, mas o ceticismo paira sobre os habitantes de Penedo, que já viram esse ciclo de promessas e decepções se repetir vezes demais.

    É natural torcer para que as promessas se tornem realidade e tragam melhorias para a comunidade. No entanto, a verdadeira preocupação reside na perpetuação da oligarquia, onde as mesmas figuras políticas parecem estar sempre no poder, independente das promessas não cumpridas. O povo de Penedo anseia por mudanças reais, porém, até o momento, só testemunharam as mudanças de cadeiras entre os mesmos políticos, que se acostumaram a usar a falta de verdade como ferramenta para manipular os eleitores. Que o futuro traga não apenas promessas, mas ações concretas e verdadeiras transformações para essa comunidade.


Resgate da Ética Política: Um Chamado à Consciência Cidadã em Penedo

 



No passado glorioso de Penedo, os líderes políticos eram figuras respeitadas e admiradas, cuja conduta exemplar era evidente até nas páginas do livro "O Penedo". Eles vestiam não apenas calças, mas também um compromisso inabalável com o bem-estar da cidade e de seus habitantes. Respeitavam seus oponentes políticos e, acima de tudo, mantinham um objetivo claro: elevar Penedo ao merecido reconhecimento nacional. A ética política era a bússola que guiava suas ações, e o chamado do povo era a sua voz mais poderosa.

No entanto, a contemporaneidade revela uma realidade sombria e distante desse ideal. O cenário político de Penedo está imerso em uma turbulência de interesses egoístas e agendas pessoais. O que deveria ser uma missão de servir à comunidade transformou-se em um jogo de poder, onde os verdadeiros propósitos foram obscurecidos pela sede de controle. Nessa paisagem desoladora, os eleitores enfrentam um desafio monumental: discernir entre a promessa vazia e o compromisso genuíno com o bem comum.

Diante desse quadro preocupante, a ética política emerge como um farol de esperança em meio à escuridão do oportunismo. É hora de os cidadãos de Penedo reivindicarem seu direito à liderança íntegra e responsável, exigindo prestação de contas e transparência de seus representantes. Somente assim será possível resgatar a dignidade e a honra que um dia caracterizaram a política desta cidade histórica.


Desafios na Educação: Promovendo o Conhecimento da Constituição Federal nas Escolas.

 

 


    Todo brasileiro deveria ter familiaridade com a sua Carta Magna, pois ela estabelece os princípios fundamentais que regem nosso país. A Constituição brasileira de 1988 é reconhecida como uma das mais abrangentes já elaboradas, assegurando princípios como soberania, cidadania, dignidade humana, valores sociais e pluralismo político, conforme expresso em seu Art. 1º. No entanto, a realidade parece distante desse ideal. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), responsável pela orientação da educação no Brasil, inclui a Constituição Federal como um dos temas transversais que devem ser abordados nas escolas. No entanto, é preocupante constatar que muitos alunos têm pouco conhecimento sobre ela.

    Uma pesquisa recente realizada com 90 alunos do ensino médio revelou que apenas 57% sabem o que é a Constituição Federal, 68% já ouviram falar dela, mas alarmantemente 56% não sabem quais são suas garantias. Esta última constatação é especialmente preocupante, uma vez que, se uma parcela significativa dos alunos reconhece a existência da Constituição, espera-se que compreendam também seus fundamentos e garantias. A dificuldade de compreensão textual por parte dos alunos e a falta de atividades interdisciplinares podem ser fatores contribuintes para esse cenário.

    Para reverter esse quadro, é crucial que as escolas sigam as diretrizes estabelecidas e promovam uma abordagem mais contextualizada do ensino. Os alunos precisam ser incentivados a interagir com os temas que lhes proporcionem uma compreensão mais profunda do mundo real em que vivem. O conhecimento sobre a Constituição Federal desempenha um papel fundamental nesse processo, pois capacita os alunos a entenderem seus direitos e deveres como cidadãos.

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O Homem Traíra na Política: Reflexões sobre a venda de ideais.



    Dentro da trama complexa da política, onde as mais altas ideais muitas vezes se entrelaçam com os interesses mesquinhas, um tal conceito como o “o homem traíra” ou “Homem vendido” é necessário, as ações do qual comprometem tanto a sua própria integridade como a confiança do público que o elegeu.

    Rui Barbosa em sua sabedoria atemporal observou com satisfação perspicaz a traição do homem como políticos, declarando que “A traição dos políticos é a pior de todas, porque é a traição da confiança do povo”. Tais palavras sangram como verdade dolorosamente em nosso cenário político atual, onde as ideais são sacrificadas à conveniência e busca pessoal e do poder.

    A traição do homem na política não se manifesta apenas em atos escandalosos de corrupção, mas também em compromissos silenciosos que corroem a democracia e minam os princípios éticos que deveriam guiar os representantes do povo. A troca de favores, a manipulação de informações e a submissão aos interesses de grupos poderosos são apenas alguns dos sintomas dessa traição insidiosa.

    Em vez de servirem como guardiões dos valores democráticos, alguns políticos optam por se tornar meros instrumentos de interesses particulares, abandonando os compromissos assumidos com o eleitorado em prol de vantagens pessoais ou partidárias. Essa quebra de confiança mina os fundamentos da democracia e alimenta o cinismo público, corroendo a fé no sistema político como um todo.

    No entanto, apesar das traições e decepções, ainda há esperança. A sociedade civil está despertando para a necessidade urgente de responsabilizar os políticos por suas ações e exigir transparência, prestação de contas e integridade. O combate à corrupção e à influência indevida é uma batalha contínua, mas é uma batalha que devemos travar em nome da justiça e da preservação dos valores democráticos.

    Portanto, diante do homem traíra na política, é nosso dever como cidadãos permanecer vigilantes, desafiando a complacência e defendendo os princípios que sustentam uma sociedade livre e justa. Somente através do compromisso com a honestidade, a ética e a responsabilidade podemos reverter o curso da traição e restaurar a fé na política como uma força para o bem comum.

    Que possamos nos unir em busca de um futuro em que a traição do homem na política seja uma exceção, não a norma, e onde os líderes eleitos sirvam verdadeiramente aos interesses daqueles que os elegeram, honrando a confiança depositada em suas mãos. Essa é a visão de uma democracia verdadeira e vibrante pela qual vale a pena lutar.

 

 Texto: Carlos eloy

 

Um Encontro Transformador com o Amor.




 Descobrindo talentos.


    Lá estava eu, mergulhada em dor, extremamente cansada das pancadas que a vida tinha me dado. Naquele momento, a tão esperada esperança parecia desconhecida, e a alegria? Quem disse que ela existia? O insuportável silêncio na sala da solidão me deixava enlouquecida; a tristeza era uma dor que permeava todo o meu corpo. Qualquer coisa sem importância parecia fazer mais sentido do que a própria vida; as palavras de um mentiroso tinham mais veracidade do que qualquer parte de mim.

    Entretanto, em um dia estranho de sol, eu o vi, e ali estava a salvação para os meus dias sem luz. Pela primeira vez, meu corpo se viu livre da dor e minha alma sentiu paz. Confesso, senti medo, mesmo assim permiti que ele entrasse e se sentisse à vontade. Sentei-me com ele e ouvi-o contar sobre sua vida longa e feliz, por onde passara, quem visitara e quantas pessoas abraçara. Muitas horas se passaram, mas incrivelmente não me cansei de ouvi-lo falar.

    Ele me perguntou sobre a vida, e ali as palavras me faltaram. Minha vida triste havia tirado de mim toda a possibilidade de contar minha história; não havia o que dizer, pois em todos os anos de minha existência fui impedida de viver.

    Sua companhia tornou-se rotina, e minha vida infeliz transformou-se em apenas uma lembrança ruim. Ele já fazia parte de mim; toda a dor que um dia sentira já não residia mais em mim, a força negativa da tristeza já não me dominava mais, finalmente fui libertada.

    Você deve estar se perguntando, "Quem será esse ser tão poderoso e libertador”? Haverá entre nós alguém com um coração tão bondoso? E eu vos afirmo que sim, esse ser tão sublime e desejado está dentro de você; ele é o amor, foi ele quem me libertou!

Texto da aluna Maria Suiane

3º ano médio do Colégio Estadual

Caldas Júnior – Neópolis -Se.


PONTO FOCAL - CULTURA NORDESTINA CONTEMPORÂNEA - CIDADE DE SANTANA DO SÃO FRANCISCO -SE


    A escola Dr Alcides Andrade, em 2023, teve a preocupação de trabalha a sistemática de avaliação de forma que à aprendizagem do aluno tenha uma integralidade nas habilidades e competências e no mercado de trabalho. Essa é minha visão.
    A fita mostrada aqui tem esse objetivo. Sinceramente, e sem modéstia, esse objetivo foi alcançado. Parabéns, aos alunos da turma de Projeto de Vida, 1M 03. 



https://youtu.be/C3JYvv8uKOs?si=df_soPN9--gImBC-

 

 

 

 


 

Jornada Interior: Uma Viagem às Origens e Reflexões sobre a Preservação da Terra

 


    Vou abrir meu coração. Sou usuário de duas drogas diferentes. Uma é mais leve, pesa 11,5 kg e é conhecida como speed, a outra, mais pesada, tem cerca de 14 kg e atende pelo nome de MTB. Em momentos de grande estresse, qualquer percurso entre 25 e 100 km me traz um alívio imenso. Conversei sobre isso com meu médico e sua orientação foi clara: "não pare".

    Assim, hoje, saí para mais uma "dose" e para amenizar o estresse cotidiano, pedalei 101 km em cinco horas. Optei pela droga mais forte e isso fez ressurgir lembranças do passado.

    Enquanto atravessava a cidade de Piaçabuçu, em Alagoas, ecoava em minha mente o refrão da música de João Nogueira, "O bicho homem".

    “E sou o que sou, sem pátria e sem lei Sou filho cruel, soldado do rei Nasci caçador, bandido e ladrão Sou causador da poluição Sou fogo pegando na mata Sou lixo jogado no mar Poeira cobrindo o luar Sou mãos que apenas consomem Eu sei que só sei destruir Mas sinto que vou prosseguir Oh, mãe natureza, perdão! Sou bicho homem”.

    De repente, um desejo profundo de visitar uma área de mata com a qual não tinha contato há 45 anos. Meu maior obstáculo em fazê-lo era o medo inculcado em mim na infância, pois estava viajava sozinho.

    As lembranças que afloraram foram de Saci Pererê, caipora, almas do outro mundo, contadas pelos meus avós na época em que, montados em uma carroça puxada por animais, íamos colher caju, maçaranduba, cambuí, ingá, todos frutos nativos de nossas matas. Mas a coragem e o prazer proporcionados pela droga que me carregava tomaram conta de mim e segui em direção a ela; logo percebi que não estava sozinho, muitas casas encontradas pelo caminho já me alertavam para o que poderia encontrar ao chegar lá. As pessoas que encontrei me orientavam na direção certa da mata Zintan.

    A expectativa de alcançar meu destino era grande a ponto de eu não perceber o que estava à minha frente. Uma vaca, que parecia ter acabado de parir, pois seu úbere estava cheio, e com uma fêmea pós-parto não se brinca; esperei a passagem de um morador local que me tranquilizou. “Ela é tolerante e não vai te atacar; pode passar”. Pensei sobre a tolerância, afinal, sou neto de vaqueiro e conheço bem a fúria das fêmeas para proteger seus filhotes.

    Zintan, nome dado à região coberta por mata e que tinha um bom pasto para alimentar as manadas administradas por meu avô. Não sei o significado da palavra, mas acredito que seja o nome de um país entre a Tunísia e o Egito.

    Para minha surpresa, ao chegar ao meu destino, encontrei ainda a mata e sua vegetação, muito diferentes das áreas vizinhas que foram substituídas pelo plantio de cana-de-açúcar. A beleza do verde das folhas das árvores, a sensação de um ar fresco e puro que encheu meus pulmões, o contato com as poças d’água, as lagoas e seus habitantes, o galo-d’água, a paturi, a jaçanã e até a garça, uma das aves mais comuns na região em sua busca por alimento.

    Esse retorno às minhas origens me deixou feliz, pois um pedacinho da minha região ainda estava lá, quase intacto, apesar de algumas árvores consideradas centenárias já não estarem mais; outras, como as consideradas madeira de lei, com certeza já não existem.

    O medo que ainda me dominava ao pensar nas histórias de meus avós me fez arrepiar, mas a beleza do ambiente, o aroma gostoso que as piaçabas e os cajueiros exalavam, me fizeram esquecer.

    Essa visita me levou a refletir. Quanto tempo será necessário para que a Terra perca toda a sua beleza? Quanto tempo levará para que "o bicho homem" entenda que ele é responsável por sua própria sobrevivência e que essa sobrevivência depende da preservação? Talvez essa resposta nunca seja dada, pois o progresso e a sobrevivência humana parecem ser a própria ruína do homem.

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“Sou bicho homem”.

Texto: Carlos Eloy

         


Reencontro com a Natureza: Memórias e Reflexões ao Visitar um Antigo Amor

 


    Hoje saí de casa com o intuito de reencontrar uma antiga namorada. A saudade dela apertava-me o peito. Ao chegar lá, deparei-me com seus antigos habitantes; alguns, velhos conhecidos meus; outros, já não tão familiares, mas continuavam ali, ao lado dela, mesmo pagando um preço tão alto. Aos que ainda recordava, cumprimentei com um bom dia! A jurubeba, a flor do cagado, o besouro e seu descendente, o mingongo; um beija-flor que sorrateiramente beijava as flores e que rude e abruptamente desapareceu entre os galhos e folhas, sem se despedir, o anu branco, sempre assustado. Contudo, a frustração causada pelo beija-flor foi superada pela gentileza das borboletas; com suas asas coloridas, encantaram-me. Encontrei várias espécies, tão amáveis que até se exibiram para mim, às vezes cruzando meu caminho, às vezes acariciando suas vizinhas, as flores.

    Dando prosseguimento à minha visita àquela antiga paixão, encontrei um pequeno riacho, moribundo, como se implorasse por socorro, agonizando pela falta de apoio de suas velhas amigas, as árvores, e pela influência da mão humana, que despejava seus esgotos nele para se livrar de suas responsabilidades.

    Logo, percebi que o horário já avançara. Olhei ao meu redor e vi que aquela antiga paixão envelhecia e era maltratada, mas não deixava de ser bela. Ao retomar o caminho da realidade, senti falta do velho amigo sapo; ele não estava lá, talvez sua morada já não existisse mais. Olhei para trás e, com um olhar triste, despedi-me, até breve, subitamente relembrando o quão feliz era ao seu lado, quantas alegrias me proporcionou na infância, mas o destino traiçoeiro me afastou por conta da sobrevivência humana.


Texto escrito na época da  pandemia.

Carlos Eloy

Desafios da Educação Brasileira: Reflexões sobre o Papel do Professor e a Busca por Melhorias




    Nos tempos atuais, a vida se tornou um desafio para muitos, e os professores não escapam dessa realidade. Hoje em dia, eles precisam desempenhar uma série de papéis além do ensino em si. Além de educadores, são muitas vezes vistos como conselheiros, mediadores de conflitos, profissionais de saúde mental e muito mais. Essas múltiplas responsabilidades acabam sobrecarregando esses profissionais, interferindo em seu planejamento e prejudicando sua capacidade de transmitir conhecimento de forma eficaz.

    No contexto do sistema educacional público brasileiro, a situação é ainda mais desafiadora. Embora em alguns estados haja tentativas de melhoria, a realidade é que o sistema está amplamente corrompido, tornando-se difícil vislumbrar melhorias significativas na aprendizagem dos alunos.

    A crescente influência da tecnologia na vida dos estudantes também é um fator preocupante. Os jovens estão cada vez mais imersos em dispositivos eletrônicos, o que os priva do tempo necessário para atividades essenciais, como estudar, dormir, brincar e até mesmo pensar de forma independente. No entanto, para as autoridades educacionais, o foco muitas vezes está mais em manter os alunos na escola do que garantir que eles adquiram conhecimentos fundamentais, como matemática e
português.

    O construtivismo, uma teoria de aprendizagem que visava revolucionar o sistema educacional brasileiro, acabou por gerar resultados contrários ao esperado. Embora tenha sido desenvolvido com a intenção de promover uma abordagem mais adequada às necessidades cognitivas dos alunos, muitos argumentam que acabou enfraquecendo a disciplina em sala de aula e minando a autoridade dos professores. Isso se reflete em políticas que dificultam a reprovação dos alunos e em critérios de avaliação menos rigorosos.

    Essas incertezas na educação brasileira têm repercussões claras nos rankings educacionais internacionais, onde o país tem apresentado melhorias modestas e consistentes. Em 2018, o Brasil ocupava o 57º lugar entre 77 países avaliados, um posicionamento que reflete não apenas os desafios enfrentados na área educacional, mas também questões mais amplas relacionadas à violência e ao uso de drogas.

    Diante desse cenário, é crucial direcionar esforços para resgatar a qualidade do ensino e incentivar uma abordagem que valorize o aprendizado ativo e a responsabilidade do aluno. Afinal, como diz o ditado, "O Brasil está cheio de alunos, mas pouquíssimos são estudantes."

 

 

Texto: Carlos Eloy

Os Desafios Contemporâneos das Paralisações e Greves: Em Busca de Propósito na Educação

 

Qual é o propósito de uma greve ou paralisação nos dias de hoje? Antigamente, esses movimentos representavam a luta de uma classe por melhorias em sua profissão, qualidade financeira e de vida, levando as indignações para as ruas. Hoje em dia, essa finalidade parece obscura, mas, com base em minha experiência como funcionário público, consigo vislumbrar algumas possibilidades. Talvez o propósito seja político, resumindo-se em duas vertentes. Primeiramente, pode ser uma forma de fazer oposição ao gestor que foi "apoiado" pela representação da classe nas eleições e que, por falta de ética, não cumpriu suas promessas de campanha. Em segundo lugar, pode ser uma tentativa de manipular uma massa ainda em formação para que apoie os interesses da classe. Esta última parece mais provável, já que essa massa precisa ser influenciada para dar continuidade ao projeto de poder de uma minoria que se beneficia da vulnerabilidade alheia.

A falta de critérios por parte da entidade Sinteal, que representa os professores de Alagoas, é evidente. Atualmente, essa entidade parece priorizar apenas seus filiados, deixando os não filiados à mercê da sorte e da autoridade do Estado.

Outro aspecto preocupante é a falta de respeito com a massa que está sendo manipulada. Muitos deles saem de suas casas em horários inconvenientes em busca de educação e se deparam com uma escola despreparada para cumprir a carga horária do dia; isso é profundamente lamentável.

Esses movimentos contemporâneos parecem desprovidos de propósitos claros, tornando-se apenas modismos. Portanto, a classe precisa reconsiderar ações como a do dia 26, pois todos lutam por um país melhor, mas isso só será possível se a educação seguir um rumo genuinamente transformador.

 


 

Texto: Carlos Eloy

Política, Entre o Vício e a Vergonha

                 O Brasil está passando por um período que parece desafiar os fundamentos de uma nação em desenvolvimento. O país retrocede ...